Existirá
uma forma mais simples de se preparar pratos, que grelhar? Afinal,
grelhar é levar alimentos ao intenso calor da brasa e assá-los até que
fiquem no ponto desejado. Verdade seja dita, grelhar não mudou muito
desde que algum homem da caverna, de gosto diferenciado, tivesse
conhecido o fogo e suas virtudes.
Para
tanto, você precisa apenas de brasa, um ou mais alimentos e algo para
manter o alimento afastado da brasa. E aqui já entramos no terreno das
sutilezas que fazem diferença. A brasa, por exemplo, não deve ser nem
mais nem menos. Aliás, já que estamos falando de técnicas, comecemos do
começo. Devemos lembrar que alimentos grelhados são fáceis de preparar,
gostosos e, o melhor: muito saudáveis.
Para
pôr fogo na conversa, vejamos agora como acender. Ou antes: brasa de
carvão ou de lenha? Existem defensores para as duas matérias-primas.
Gosto muito do calor da brasa de lenha, que tínhamos sempre em
quantidade no sítio. Para acender, nunca enfrentamos problemas, pois
usávamos galhos secos de araucária, que têm um óleo altamente
inflamável. A vantagem da brasa de lenha é que, enquanto a madeira se
queima e forma o braseiro, as paredes da churrasqueira vão se aquecendo.
Paredes mais quentes significam calor mais uniforme, já que o vento
passa a atrapalhar menos. Nunca é demais ressaltar: o vento é inimigo do
grelhado, pois esfria a superfície superior dos alimentos. Agora, se o
combustível for inadequado, acendê-lo não pode se transformar num drama.
Depois de espalhar o carvão, embeba um pãozinho seco em álcool,
coloque-o no meio do carvão e acenda. Aos poucos, essa mecha acabará
tornando todo o carvão em brasa.
A
propósito, quando fizer um braseiro, faça-o em dois níveis. Uma forma
de se conseguir isso é colocar uma camada de tijolos na metade da área
destinada ao carvão. Ao espalhar o carvão, já teremos duas alturas
distintas de brasa. Vantagem: a parte da grelha que ficar mais afastada
da brasa serve para o preparo mais lento, enquanto a outra vai servir
para selar as carnes. Selar as carnes é a parte mais importante dos
grelhados. A carne deve ser sempre suculenta e macia, além, é claro, de
saborosa. Uma das “brigas” de quem grelha é fazer tudo para que os sucos
não se percam. Isso se consegue selando a carne, ou seja, levando-a à
brasa mais quente.
Depois
de ter a carne tostada dos ambos os lados, passe-a para a parte mais
distante, deixando-a ali até que chegue ao ponto desejado. Claro que
essa técnica vale para carnes, peixes e até camarão, que por sinal é um
dos alimentos que melhor se dá em grelhados.
Existem
grelhas de muitos tipos, mas com muita humildade temos de nos curvar
diante de nossos vizinhos, Argentina e Uruguai. Enquanto a grelha mais
comum entre nós é feita com ferro cilíndrico, nos Pampas eles usam
canaletas inclinadas. A grande vantagem desse sistema é que a gordura
derretida escorre pelas canaletas e é recolhida em outro reservatório,
evitando que pingue sobre a brasa. A gordura derretida é um violento
combustível, que causa grandes transtornos em forma de labareda. Para
apagá-la, não use água; ela evapora e o fogo volta. O correto é espalhar
areia ou cinza do churrasco anterior sobre a chama, que logo se
extinguirá.
Há no mercado
outras grelhas também de sobrepor; são as grelhas duplas. São muito
práticas, pois o alimento fica preso entre as duas, que se fecham. Esse
sistema facilita o preparo do peixe, que é tão brando que quase se
desmancha quando grelhado. Virá-lo e servi-lo sem a grelha dupla seria
um tormento. A grelha dupla ajuda a grelhar lingüiça e batata também.
Como
somos os pais do churrasco, viciamo-nos a ver apenas carnes na grelha,
mas pode-se fazer um jantar só de grelhados, com primeiro prato, prato
principal, acompanhamentos e até sobremesas. Grelhar acrescenta um sabor
novo aos alimentos. Dá um gostinho intrigante, muitas vezes adocicado,
em legumes e, claro, frutas. Este primitivo método de cozimento, como
todas as coisas boas da vida, jamais sai da moda.
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